Muitos
 não-católicos não compreendem que chamemos Maria de nossa esperança e 
que lhe digamos: “Esperança nossa, salve!” Apenas Deus, segundo eles, é 
nossa esperança, e condenam todos os que colocam sua esperança nas 
criaturas: “Maldita a pessoa que confia no ser humano” (Jr 17,5). Se 
Maria é uma criatura, como pode ser nossa esperança? Isso é o que dizem 
os não-católicos. Apesar disso, manda a Santa Igreja aos sacerdotes e 
religiosos que elevem a cada dia sua voz em nome de todos os fiéis e 
invoquem Maria: “Esperança nossa, salve”.
Há duas 
maneiras de colocar a esperança em alguém: como causa principal ou como 
mediante. Quem precisa de um favor do rei o espera como de seu soberano.
 Mas é possível que o favor seja recebido através de um ministro ou 
valido, na condição de intercessores. O favor vem principalmente do rei,
 mas pela intercessão do valido. Quem solicita uma graça, portanto, 
considera com toda a justiça seu intercessor como sua esperança.
Pode ser a
 bondade infinita, o Rei do céu deseja ardentemente nos cumular de 
graças. Por nossa parte, devemos ter confiança, e foi para estimular 
essa confiança que Deus nos deu por mãe e por advogada sua própria mãe, 
concedendo-lhe plenos poderes para nos ajudar. Ele quer que peçamos a 
ela nossa salvação e todos os outros bens. Colocar a confiança em meras 
criaturas, sem referência a Deus, é coisa que fazem os pecadores: eles 
ultrajam a Deus procurando apenas amizade e o favor do homem. São 
amaldiçoados por Deus, como diz Jeremias. Mas os que contam com Maria 
são abençoados por Deus e agradáveis ao seu coração. Na qualidade de Mãe
 de Deus, ela pode obter-lhes a graça e a vida eterna. Deus quer vê-la 
venerada, pois Maria amou e louvou a Deus neste mundo mais do que todos 
os homens e anjos juntos.
Depois de Deus, Maria é a nossa esperança.
É,
 portanto, justo chamar a Virgem de “esperança nossa”. Esperamos obter 
através dela o que não podemos conquistar como nossas próprias orações. 
Nós rezamos a ela “para sua dignidade de Medianeira supra nossa carência
 de méritos”. Isto sugere que colocar nossa esperança nas orações 
dirigidas a Maria não é duvidar da misericórdia de Deus, mas sinal de 
nossa própria indignidade de Deus, mas sinal de nossa própria 
indignidade.
A Santa 
Igreja, com razão, aplica a Maria as palavras do Eclesiástico quando a 
chama de “mãe… da santa esperança” (24,18), não da esperança inútil nos 
bens passageiros desta vida, mas da esperança santa dos bens 
incomensuráveis e eternos da vida bem-aventurada.
“Eu vos 
saúdo, esperança de nossas almas, salvação certas das criaturas, socorro
 dos pecadores, proteção dos fiéis, salvação do mundo. Depois de Deus, é
 em Maria que devemos colocar nossa esperança: “Depois de Deus, ela é 
nossa única esperança”. Na ordem atual da Providência – voltaremos a 
esse assunto mais adiante – Deus decidiu que quem se salva o seja apenas
 pela intercessão de Maria. Nossa Senhora, não cesseis de nos orientar, 
que vosso manto nos proteja pois, depois de Deus, não temos outra 
esperança senão vós. “Toda nossa confiança está em vós, ó Maria. Sob as 
asas de vossa piedade, protegei-nos e guia-nos”. “Vós sois nosso único 
refúgio, nosso socorro e nosso abrigo”.
Contemplamos
 o desígnio de Deus. Ela a formou a fim de nos prodigalizar suas 
misericórdias. O prêmio da redenção da humanidade por ele projetada foi 
posto entre as mãos de Maria para que ela disponha ao seu talante.

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